Igreja no Brasil promove iniciativas de preservação e conservação dos bens culturais

O Brasil desde o seu descobrimento construiu um dos maiores acervos de bens culturais, históricos e artísticos da Igreja Católica. A Santa Cruz, que, inclusive, deu os dois primeiros nomes a essa terra foi o primeiro bem cultural doado a Igreja.

De lá para cá muita coisa foi construída e faz parte da fé, da história e da cultura do povo brasileiro. De acordo com o doutorando em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e Conservador Restaurador de Bens Culturais Móveis, Dener Chaves, os bens culturais da Igreja estão divididos em: bens culturais materiais imóveis, integrados e móveis, além dos bens culturais imateriais.

Bens materiais imóveis: capelas, igrejas, mosteiros e catedrais;

Bens integrados: altares, pias batismais e forros esculpidos que se encontram em Igrejas coloniais ou dos séculos XIX e XX;

Bens culturais móveis: imagens em madeira policromadas, cálices em ouro e prata, crucifixos, alfaias e uma diversidade de objetos litúrgico, além de pinturas, livros e documentos raros.

Bens culturais imateriais: está relacionada ao modo de fazer, de festejar, de preparar, de cantar que são particulares a um determinado grupo ou região como a folia de reis, os tapetes de uma procissão, os festejos para um determinado santo, dentre outros.

“Esses bens culturais fazem parte da nossa história, são formas de melhor compreender nossa identidade, são parte da nossa cultura preservada pelos fiéis e membros da Igreja, muitas obras, que mesmo sendo únicas, apontam para as especificidades de um período histórico e nos auxiliam para melhor compreendê-lo ou admirá-lo. Alguns bens móveis foram realizados por grandes mestres, e custaram altas somas de dinheiros, pagos com o trabalho e as doações dos fiéis”, destaca Dener Chaves.

Desde abril de 2017, faz parte dos organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Comissão Episcopal Pastoral Especial para os Bens Culturais da Igreja no Brasil que “tem como missão promover o conhecimento, a conservação, a valorização cultural e evangelizadora dos bens culturais e imateriais da Igreja. Trabalhará pela proteção desses bens e incentivará a formação de especialistas em Bens Culturais, por meio de parcerias com Universidades, Faculdades Católicas e Escolas de Arte”.

Conservar e proteger esse patrimônio é tarefa de toda a sociedade e para isso já existe o Curso de Especialização em Conservação Preventiva dos Bens Culturais Eclesiásticos oferecido na modalidade semipresencial pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Campus Praça da Liberdade.

O conteúdo do curso foi pensado a partir das diretrizes da Comissão Episcopal Pastoral Especial para os Bens Culturais da Igreja no Brasil, considerando as diretivas do Acordo Brasil-Santa Sé.

Para o Dener Chaves, gerações e mais gerações dedicaram suas vidas a preservação e manutenção de templos e imagens, naqueles altares foram batizados, crismados, casados e tiveram sua missa de corpo presente. Comunidades surgiram ao redor de capelas e hoje tem centenas de milhares de habitantes.

“Peças litúrgicas foram doadas e usadas em dezenas de procissões onde a fé da comunidade repousou sua fé e esperança em um mundo melhor. Os sinos por séculos regularam a vida das comunidades, assim como o convívio na Igreja, poucos momentos onde uma comunidade rural se encontrava, mas que ainda hoje é uma referência de convívio”, relata.

A especialização foi criada para atender a demanda de religiosos, fiéis e profissionais que lidam com o patrimônio cultural da Igreja e os capacitará para realizar projetos de preservação dos bens culturais, formar mão de obra especializada na manutenção desses bens, compreender o gerenciamento de risco e a metodologia utilizada para conservar os bens culturais e assim possibilitar que haja menos restaurações e desastres que causem danos ao patrimônio.

Fonte: Site CNBB

 

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