O nascimento de Jesus Menino se aproxima e a Arquidiocese de Olinda e Recife prepara para o povo de Deus uma programação para celebrar a chegada do Rei dos reis. No dia 24/12 (20h), o arcebispo metropolitano, dom Fernando Saburido, vai presidir a tradicional Missa de Natal no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima (antigo colégio Nóbrega), no bairro da Soledade, Recife. A programação terá início com a apresentação do auto natalino “Filho de Deus, menino meu”, encenado pela Comunidade Shalom, às 19h45. O tema do musical é o nascimento do Menino Jesus, com a narrativa empregando linguagem nordestina e contando a história da natividade de Jesus desde o nascimento de Nossa Senhora. Neste ano, a Missa do Galo, que outrora vinha acontecendo no Quartel da Polícia Militar de Pernambuco, no bairro do Derby, será realizada no Santuário de Fátima, na Soledade, para melhor acomodar os fiéis e protegê-los no caso de eventuais chuvas. Após o auto natalino, o arcebispo metropolitano, dom Fernando Saburido, presidirá a Missa do Galo, às 20h. O Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora de Fátima localiza-se na Avenida Oliveira Lima, 824, Soledade, Recife.
Dom Fernando compartilha com o povo de Deus e clero os melhores votos para um renovador Natal, por meio da seguinte mensagem:
A profecia do Natal – a humanidade renovada
A festa do Natal não é apenas a celebração do aniversário do nascimento de Jesus. É a celebração do fato de que Deus não nos deixou no mundo sozinhos. Ele nos uniu em comunidades de vida e fez conosco uma aliança de amor. Selou essa aliança ao enviar Jesus, o seu filho, para divinizar todo ser humano e iniciar uma humanidade nova. A cada ano celebramos o Natal para agradecer a Deus esse presente e rever até que ponto temos sido fieis a esse projeto divino de nos renovar e fazer nova a humanidade e o mundo em que habitamos.
O evangelho do dia do Natal nos lembra que “a Palavra Divina (o Verbo) se fez carne”. Isso significa “assumiu em tudo a realidade humana”. A partir daí, tudo o que é verdadeiramente humano é, ao mesmo tempo, divino. A vida é um dom de Deus, o que significa que a vida só existe se é recebida. Se a vida é doada, isso dá a quem recebe a vocação de corresponder a esse dom vivendo um constante renascer. Ninguém nasce de uma vez. Começamos a nascer em um dia no qual vimos ao mundo e ali o corpo, a mente e o espírito vão se formando. A vida vai amadurecendo em nós e em torno de nós. Então o nosso nascimento só se completa no futuro. No primeiro momento do nascimento, precisamos de quem nos dê a luz e quem cuide de nós. Na vida inteira, somos chamados a cuidar e aceitar ser cuidados. Isso se concretiza em nossa vocação para o diálogo. Não celebraremos bem este Natal se enchermos nossa casa de luzes e de imagens, mas não nos esforçamos para dialogar mais uns com os outros. Se nos tornarmos intransigentes e radicais, incapazes de dialogar, não podemos celebrar o bem o Natal de Jesus.
O Natal nasceu como resultado do diálogo entre o Cristianismo e a antiga religião romana. Até o século IV, o 25 de dezembro era a festa do solstício do inverno no norte. Tornou-se memória do nascimento de Jesus para nos lembrar a vocação divina da humanidade. Hoje em um mundo plural e diversificado, o Natal é festa de confraternização e irmandade universal. Vai além da festa da Igreja. A vocação de todos nós, humanos, é tornar esse mundo terra de cuidado e relações humanizadas. Não podemos compreender o Natal se interpretamos a Palavra de Deus de modo desencarnado e dualista. O centro de todos os relatos natalinos é aquilo que, mais de uma vez os evangelhos repetem: “encontrareis um menino recém-nascido, envolto em faixas e deitado em uma manjedoura”. A revelação do Natal é dada aos pastores pobres na noite de Belém e eles a descobrem na pobreza de uma manjedoura de animais. A proclamação dessas Palavras na noite de Natal pode ressoar estranha. Como levar a sério palavras tão comprometedoras e claras em um mundo cada vez mais violento e cruel, em um Brasil no qual a paz e a convivência harmoniosa entre as pessoas parecem distantes?
Alimentamos a esperança de que esse Natal de 2018 possa trazer para o Brasil e para todo o mundo, a superação da violência e o início de um tempo novo para a humanidade. O evangelho nos faz perceber que o projeto de Deus é mudar pelo avesso a realidade do mundo. A virgem Maria sintetiza isso em seu cântico: “Deus derruba os poderosos de seus tronos e eleva os pequenos”. A mensagem de humildade que aprendemos no Natal deve ser a nossa meta a conquistar. Dessa forma poderemos, verdadeiramente, entender e vivenciar a autêntica mensagem do Natal de Jesus.
Feliz Natal e abençoado Ano Novo!
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife
(Pascom AOR)