Na busca por respostas, deixar-se maravilhar por eventuais surpresas, sempre movidos pelo amor à verdade e maravilhados com tudo o que cada fragmento do universo oferece, é uma das exortações do Papa na mensagem enviada nesta terça-feira (20) aos participantes Escola de Verão de Astronomia e Astrofísica da Specola Vaticana. Francisco destaca ainda que, mesmo “que o seu olhar passe pela janela da astronomia, não se esqueçam das outras janelas que podem lhe mostrar realidades importantes, como a compaixão e o amor”.
São vinte e quatro os estudantes provenientes de vinte países, dentre os quais Argentina, Colômbia, Bangladesh, Índia, China, Cazaquistão, Líbano, Holanda e África do Sul, que desde o dia 4 até 30 de junho realizam um percurso de estudos e pesquisa na Escola de Verão do Observatório Astronômico Vaticano, localizada nos jardins pontifícios de Castel Gandolfo.
Exploração do universo revela suas maravilhas
Francisco começa recordando na mensagem que “nos últimos tempos, todos nós ficamos fascinados com as grandes descobertas sobre o universo que os astrônomos nos oferecem. As maravilhosas imagens enviadas pelo novo Telescópio Espacial James Webb nos deixam maravilhados, e quando o Observatório Vera Rubin estiver operacional – observou o Papa – promete nos deixar ver como o universo cresce e muda diante de nossos olhos”.
O que impressiona de forma particular – afirmou o Santo Padre – é “a vastidão do universo que estamos descobrindo. É surpreendente considerar suas enormes dimensões e o incrível número de galáxias, estrelas e planetas que foram identificados.”
A dimensão do universo sempre foi fonte de estupor, disse o Papa, ilustrando com o que Salmista escrevia há 2.500 anos: “Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes: ‘’Que é o homem – digo-me então –, para pensardes nele?’“(Salm 8,4-5)
“Pode parecer fascinante, até mesmo assustador”, disse Francisco na mensagem a estes jovens do século 21, que “se propõe nesta Escola de Verão abraçar a vastidão do universo e desenvolver métodos com os quais poder encontrar sementes de compreensão dentro do fluxo constante de novos dados.”
Deixar-se surpreender por descobertas não previstas
E precisamente estas ferramentas que eles estão adquirindo neste encontro de quase um mês, os ajudarão a entender o universo. Mas o Papa chama a atenção para um aspecto: mesmo dispondo das melhores ferramentas, “a qualidade dos resultados depende da habilidade do artesão”:
Uma grande tentação, quer na ciência como na filosofia, é procurar obter apenas as respostas que esperamos, enquanto somos também capazes de nos deixar maravilhar por eventuais inovações não planejadas.
Neste sentido, o conselho aos jovens a “não ficarem satisfeitos com os resultados de seus estudos até o ponto que não serem também surpreendidos por eles”.
Não esquecer da compaixão e do amor, que mostram realidades importantes
“E mesmo que o olhar de vocês passe pela janela da astronomia – é seu pedido -, não se esqueçam das outras janelas que podem lhes mostrar realidades importantes, como a compaixão e o amor, realidades que vocês também estão encontrando na amizade que está crescendo entre vocês nestes dias.”
E a coisa mais susrpreendente deste universo, diz o Santo Padre, “é que ele contém criaturas como nós que são capazes de observá-lo com admiração e “questioná-lo””. De fato, o salmista pergunta: ‘Que é o homem para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes.” (Sl 8, 5-6)
Ser movidos pelo amor à verdade
Quer em sua pesquisa quanto em sua vida – foi a exortação final de Francisco aos jovens pesquisadores – “nunca percam o senso do estupor. Que vocês possam sempre ser movidos pelo amor à verdade e maravilhados com tudo o que cada fragmento do universo lhes oferece.”
Fonte: Jackson Erpen - Cidade do Vaticano