Cidade do Vaticano, Rádio Vaticano, por Raimundo de Lima – A “Evangelii gaudium” do Papa Francisco, Exortação Apostólica de novembro de 2013, sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, traz grande inspiração da Evangelli nuntiandi, de Paulo VI.
O quadro “Nova Evangelização e Concílio Vaticano II” tem destacado, entre outros, a imprescindível necessidade de conhecer os documentos da Igreja. Nesse sentido, temos evidenciado a importância de conhecer, aprofundar e revisitar tais documentos para continuar nossa caminhada missionária servindo-nos do rico patrimônio doutrinal de que dispomos, de modo particular na esteira do Concílio ecumênico Vaticano II.
Na edição de hoje, gostaria de lançar um olhar, muito brevemente e de forma circunscrita, a um importante documento magisterial pertinente à missionariedade da Igreja. Trata-se da exortação apostólica “Evangelii nuntiandi” do Papa Paulo VI, de 1975, documento que conferiu um notável dinamismo à ação evangelizadora da Igreja nas décadas seguintes, acompanhada por uma autêntica promoção humana.
Fruto do Sínodo dos Bispos sobre a evangelização, o Beato Paulo VI a escreveu após 10 anos do Decreto conciliar “Ad gentes”. Paulo VI fala dos “tempos novos da evangelização”, prefigurando a “nova evangelização” tão auspiciada por João Paulo II, depois incrementada por Bento XVI e agora impulsionada pelo Papa Francisco.
Efetivamente, publicada no dia 8 de dezembro de 1975, na exortação, o Beato Paulo VI recolheu os resultados da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos de 1974, dedicada ao tema A evangelização no mundo moderno.
Nesta edição propomos uma breve passagem do Capítulo I: “De Cristo evangelizador a uma Igreja evangelizadora”, o qual traz alguns aspectos essenciais do testemunho e missão de Jesus. O n.12 da Exortação Apostólica destaca Jesus que aperfeiçoa “a sua revelação, completando-a e confirmando-a com toda a manifestação da sua pessoa, com palavras e obras, com sinais e milagres”…
A esse propósito, a Constituição dogmática sobre a Divina Revelação, Dei Verbum (do Concílio Vaticano II), fala da plenitude da Revelação em Jesus Cristo em “gestis verbisque“, isto é, em gestos e palavras. A Revelação de Jesus através da Igreja se faz também em palavras e gestos.
O Papa Paulo VI fala do evangelizador como responsável pela evangelização porque associado à obra de Cristo. De fato, afirma, “a Igreja existe para evangelizar”. A título de revisitação, vejamos o que diz a Exortação em seu n. 14:
Evangelização, vocação própria da Igreja
“A Igreja sabe-o bem, ela tem consciência viva de que a palavra do Salvador, “Eu devo anunciar a Boa Nova do reino de Deus”, se lhe aplica com toda a verdade. Assim, ela acrescenta de bom grado com São Paulo: “Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho”. Foi com alegria e reconforto que nós ouvimos, no final da grande assembleia de outubro de 1974, estas luminosas palavras: “Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja”; tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição.”
(Fonte: Rádio Vaticano -Cidade do Vaticano/ Raimundo de Lima)