Em carta, bispos denunciam problemas sociais graves e cobram políticas públicas do governo de Pernambuco

Em Pernambuco, quem vive no Sertão sofre com a falta de ações estruturadoras na área de recursos hídricos, ao mesmo tempo em que assiste a Caatinga perecer com a implantação de megaprojetos, sobretudo das ditas “energias limpas”. No Agreste, o drama está na dificuldade de ter água na torneira, no acesso à saúde e no pouco ou nenhum incentivo à agricultura familiar. Mais próximo do litoral, já na Zona da Mata e na Região Metropolitana do Recife, chama a atenção o déficit habitacional, a superlotação dos presídios, o aumento da violência na cidade e no campo, e a falta de incentivo ao turismo religioso.

Esse são alguns dos desafios que os pastores da Província Eclesiástica de Olinda e Recife descrevem na “Carta dos bispos de Pernambuco para a governadora Raquel Lyra” divulgada nesta segunda-feira (17). O documento foi apresentado e discutido em uma reunião entre os religiosos e a gestora. O encontro aconteceu na sede da CNBB Nordeste 2, área central da capital.

“No exercício de sua missão evangelizadora, a Igreja sempre se coloca na defesa dos pequeninos, da justiça e da paz. Através desta Carta, registramos nossas preocupações pastorais e, em vista da formulação de Políticas Públicas, que julgamos pertinentes, apresentamos sugestões ao Governo de Pernambuco, em espírito de colaboração”, diz um trecho do documento.

“Igreja em Saída”

A Província Eclesiástica de Olinda e Recife é formada por dez dioceses distribuídas nas macrorregiões de Pernambuco: Sertão (Petrolina, Salgueiro, Afogados da Ingazeira e Floresta); Agreste (Pesqueira, Garanhuns e Caruaru); Zona da Mata (Nazaré da Mata e Palmares); e Região
Metropolitana (Arquidiocese de Olinda e Recife).

“Comprometidos com a Doutrina Social da Igreja e a opção preferencial pelos pobres, para que os mesmos vivam com dignidade, destacam-se as ações desenvolvidas pelas pastorais sociais, movimentos e
organismos da Igreja Católica em todas as Regiões do nosso Estado. Mediante ações e testemunhos de amor, cuidado e compaixão, atenta ao chamado do Papa Francisco para ser uma ‘Igreja em saída’, cada diocese procura estar presente na vida do nosso povo”, afirmam os bispos na carta.

A insegurança alimentar, tema da Campanha da Fraternidade deste ano (Fraternidade e Fome), é apontado pelos bispos com o assunto ainda mais urgente a ser encarado pelo Poder Executivo. Citando o relatório da Rede Penssan, os epíscopos relembram que Pernambuco tem a segunda maior
população passando fome no Norte/Nordeste, sendo 2,1 milhões de pessoas sem ter o que comer.

Sugestões

Com espírito de colaboração, os religiosos também destacam, na “Carta dos bispos de Pernambuco para a governadora Raquel Lyra”, 29 sugestões para ações e formulação de políticas públicas de curto, médio e longo prazo.

Entre as propostas estão: Criação de Programa Estadual de Combate à fome e superação da miséria; Instituir programas estaduais para zerar contas de água e luz e vale gás para as famílias
em situação de vulnerabilidade; Criação de uma Secretaria Executiva de Economia Solidária; e Implementar a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca; entre outras.

📄Clique aqui e leia a íntegra da “Carta dos bispos de Pernambuco para a governadora Raquel Lyra”

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