A celebração da Santa Missa abriu, na noite desta sexta-feira (11), o 18º Congresso Eucarístico Nacional, na área externa do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE). Em torno do altar, cerca de 10 mil pessoas participaram da liturgia presidida pelo bispo emérito de Leiria-Fátima, em Portugal, e enviado especial do Papa Francisco, o cardeal Dom António Marto.
Entre os concelebrantes, o núncio apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro; o arcebispo de São Paulo, cardeal Dom Odilo Pedro Scherer; o presidente da CNBB NE2, Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa; o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e seu auxiliar, Dom Limacedo Antônio da Silva.
Quase 180 bispos estiveram presentes, assim como mais de mil sacerdotes, além de seminaristas, diáconos e religiosos. A solenidade foi transmitida para todo o Brasil por uma cadeia de TVs e rádios de inspiração católica, e para o mundo por meio de canais do YouTube, estendendo a grande mesa eucarística aos cinco continentes.
Após cumprimentar as autoridades religiosas e também civis como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o cardeal Marto transmitiu o abraço e a bênção do Papa a todos os participantes do 18º CEN. Para o religioso, o evento é um divisor de águas na caminhada da Igreja no Brasil com reflexos importantes no debate público da sociedade.
“O Congresso Eucarístico representa um momento importante para o vosso caminho de Igreja no Brasil. É uma semana rica de encontros de reflexão e oração centrados no mistério da Eucaristia e de sua relação íntima com a vida da igreja e da sociedade. É [um Congresso] conduzido sobre um tema tão belo e tão atual “pão em todas as mesas”, afirmou.
O cardeal destacou que o tema do 18º CEN interpela a todos, sobretudo, uma “humanidade provada no trauma de uma pandemia, dilacerada pelo drama de uma terceira guerra mundial em episódios de efeitos globais de migração forçada”. Dom Marto ainda destacou que o Congresso chama atenção para o agravamento da pobreza e das desigualdades sociais.
“Saboreamos essa Eucaristia com fervor, alegria e gratidão para que o dom que nos é oferecido no sacramento possa ser verdadeiramente colhido na nossa vida e possa dar frutos abundantes de graça e de esperança a este mundo e a este tempo difíceis”, declarou o cardeal.
No momento do ofertório, famílias atuantes em pastorais, organismos e movimentos da Arquidiocese de Olinda e Recife participaram conduzindo até o altar o pão e o vinho que foram consagrados pelo Cardeal Marto e os concelebrantes.
Dom Helder Camara
Ao chamar a atenção para a partilha do pão como extensão da comunhão com o Cristo na mesa eucarística, Dom Marto lembrou o Servo de Deus e arcebispo de Olinda e Recife entre 1964 e 1985, Dom Helder Camara. “Quando São João Paulo II esteve aqui no recife chamou ‘Dom Helder irmão dos pobres meu irmão’. Eles poderiam dizer as palavras de Madre Teresa de Calcutá: ‘na missa nós temos Jesus presente sob a aparência do pão, enquanto nas favelas vemos e tocamos Cristo nos corpos mutilados e nas crianças’”, declarou.
Dom Helder foi homenageado mais cedo. Na Igreja Catedral Santíssimo Salvador do Mundo, Sé de Olinda, os bispos se reuniram para rezar a Liturgia das Horas e foram surpreendidos por dom Fernando Saburido, que presenteou os irmãos no episcopado com uma réplica da cruz peitoral usada pelo Dom da Paz. “Uma figura emblemática para todo episcopado brasileiro e aqui ele foi lembrado mais uma vez”, comemorou o bispo da Diocese de Ponta de Pedras (PA), Dom Teodoro Mendes Tavares.
Dom Saburido reforçou o quanto Dom Helder é amado, sobretudo, no Recife e que para os pernambucanos “ele não morreu”. “De modo que esse Congresso está levando muito em foco a sua pessoa”, afirmou o arcebispo.
Os bispos e arcebispos encerraram a tarde de oração e confraternização fazendo uma visita ao Seminário de Olinda, um dos mais antigos do Brasil e que foi revitalizado recentemente.