No Dia da Vida Consagrada, 2 de fevereiro, o Papa Francisco presidiu a celebração da Festa da Apresentação do Senhor, na Basílica de São Pedro, em Roma. A celebração foi iniciada com a bênção e procissão das velas, com participação de um grupo de religiosas. Em sua homilia, o pontífice encorajou a renovação do entusiasmo da consagração. Ele refletiu sobre o Evangelho do dia, destacando os dois anciãos que acolhem o Menino Jesus no Templo, Simeão e Ana, e os três verbos que acompanham a narração: mover, ver e acolher.
O Espírito Santo ou a paixão do momento?
Em primeiro lugar, Simeão é movido pelo Espírito: faz arder em seu coração o desejo de Deus.
“Isto é o que faz o Espírito Santo”, explicou Francisco: torna-nos capazes de vislumbrar a presença de Deus e a sua obra, não nas grandes coisas, mas na pequenez e na fragilidade. O Papa então questionou os fiéis, de particular modo os consagrados:
“Deixamo-nos mover principalmente pelo Espírito Santo ou pelo espírito do mundo? O Espírito Santo ou a paixão do momento?”
Francisco advertiu para o risco de pensar na consagração em termos de resultados, metas, sucesso, à procura de espaços, de visibilidade, de números. Por trás da aparência de boas obras, podem ocultar-se a traça do narcisismo ou o frenesi do protagonismo.
A ação pode ser movida ainda pela repetição mecânica – fazer as coisas por hábito. O convite então é para verificar as motivações interiores, “porque a renovação da vida consagrada passa primariamente por aqui”.
Que visão temos da vida consagrada?
A renovação passa também pelos olhos, como aconteceu com Simeão, que viu a salvação ao pegar o Menino nos braços.
Eis o grande milagre da fé, prosseguiu o Papa: abre os olhos, transforma o olhar, muda a perspetiva. A fé nasce do olhar compassivo com que Deus nos vê. Então o Pontífice faz novas interrogações:
“E nós? Que veem os nossos olhos? Que visão temos da vida consagrada?”
Muitas vezes, afirmou, o mundo a vê como um «desperdício», uma realidade do passado, qualquer coisa de inútil; o mesmo pode acontecer com os próprios consagrados, que mantêm os olhos voltados para trás, saudosos daquilo que já não existe.
“Abramos os olhos: através das crises, dos números que faltam, das forças que esmorecem, o Espírito convida-nos a renovar a nossa vida e as nossas comunidades.”
Que estreitamos nos braços?
Por fim, o terceiro verbo: acolher. Simeão acolhe Jesus nos braços e pronuncia palavras de louvor. “Deus colocou o seu Filho nos nossos braços, porque o essencial, o centro da fé é acolher Jesus”, disse o Papa.
Se aos consagrados faltam palavras que bendizem Deus e os outros, se falta a alegria, se esmorece o entusiasmo, se a vida fraterna é apenas fadiga, é porque os seus braços já não estreitam Jesus.
“E quando os braços de um consagrado, de uma consagrada não estreitam Jesus, estreitam o vazio, que buscam preencher com outras coisas: mas há o vazio. Estreitar Jesus com os nossos braços: este é o sinal, este é o caminho, esta é a receita da renovação.”
“Abramos os braços, a Cristo e aos irmãos!”
O Papa concluiu com palavras de encorajamento para renovar a consagração. “Mesmo que experimentemos fadiga, cansaço e frustrações, façamos como Simeão e Ana, que esperam com paciência na fidelidade do Senhor e não se deixam roubar a alegria do encontro com Ele. Coloquemo-Lo no centro e continuemos para diante com alegria.”
Fonte: CNBB