A Comissão Especial pela Ecologia Integral e Mineração (CEEM), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tem acompanhado com muita preocupação a situação dos conflitos que envolvem os povos indígenas brasileiros e as mineradoras, que atuam através das pequenas, médias, grandes e garimpos de alta mecanização colocando em risco os territórios indígenas e os seus modos de vida.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 5 de novembro, a Comissão relembra as duas mortes de indígenas isolados, ocorridas há aproximadamente dois meses e divulgadas no dia 2 de novembro pela Associação Huturukara (HAY). “O aumento das invasões cometidas por garimpeiros nas terras Yanomami, deixou como resultado o contato com o povo isolado Moxihatëtëma, provocando estes assassinatos”, afirma em nota.
No texto, a Comissão defende, ainda, a demarcação dos territórios indígenas e repudia a política do governo federal, exigindo dos órgãos competentes (FUNAI, MPF e a PF) a investigação destes assassinatos com responsabilização dos culpados.
Confira a nota na íntegra:
É preciso combater a intolerância e a violência aos povos indígenas
os povos nativos não são contra o progresso, embora tenham uma ideia diferente de progresso, frequentemente mais humanista que a da cultura moderna dos povos desenvolvidos. Não é uma cultura orientada para benefício daqueles que detêm o poder, daqueles que precisam de criar uma espécie de paraíso sobre a terra. A intolerância e o desprezo perante as culturas populares indígenas são uma verdadeira forma de violência, própria dos especialistas em ética sem bondade que vivem julgando os outros. (Fratelli Tutti)
A Comissão Especial pela Ecologia Integral e Mineração, CEEM da CNBB, têm acompanhado com muita preocupação a situação dos conflitos que envolvem os povos indígenas brasileiros e as mineradoras, que atuam através das pequenas, médias, grandes e garimpos de alta mecanização colocando em risco os territórios indígenas e os seus modos de vida.
A exemplo desta situação, as duas mortes de indígenas isolados, ocorridas há aproximadamente dois meses e divulgadas no dia 02 de novembro (2021) pela Associação Huturukara (HAY) é fruto dessa constante violência estimulada pelo Presidente da República. O aumento das invasões cometidas por garimpeiros nas terras Yanomami, deixou como resultado o contato com o povo isolado Moxihatëtëma, provocando estes assassinatos.
Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), há registros de 114 povos isolados e mais de 300 povos indígenas em território brasileiro que possuem contato com a população externa a seus territórios. Essa diversidade de povos e territórios, precisa ser mantida, respeitada e ter seus territórios demarcados sem nenhuma influência econômica ou política de agentes externos. Defendemos essa política por ser a única capaz de garantir e reestabelecer a dívida histórica que o Estado brasileiro possui com estes povos.
Por isso, defendemos a demarcação dos territórios indígenas, repudiamos a política do governo federal e exigimos dos órgãos competentes (FUNAI, MPF e a PF) a investigação destes assassinatos com responsabilização dos culpados.
Como o Papa Francisco nos lembrou em mensagem aos movimentos populares em outubro de 2021. “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados, felizes os que trabalham pela paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt. 25).
Brasília, 05 de novembro de 2021.
Dom Sebastião Duarte
Presidente da Comissão Especial pela Ecologia Integral e Mineração da CNBB
Dom Vicente Ferreira
Secretário Geral da Comissão Especial pela Ecologia Integral e Mineração da CNBB