Rede de mais de 8 mil pasconeiros faz chegar a mensagem da Igreja no Brasil em diferentes realidades

A pandemia tem mostrado o quanto é essencial o trabalho de uma pastoral cuja vocação foi sempre ficar nos bastidores. Trata-se da Pastoral da Comunicação (Pascom Brasil) cuja missão “é ser/estar em comunhão, a serviço da participação e do incentivo do uso dos recursos e ferramentas de comunicação a serviço da ação evangelizadora da Igreja no país”.

Por ocasião do 55º Dia Mundial das Comunicações, a ser celebrado no próximo dia 16 de maio, o portal da CNBB está publicando uma série de matérias sobre “Quem faz a comunicação na Igreja no Brasil”.

Primeira secretária executiva da Pascom Brasil, Patrícia Luz. Fotos: arquivo pessoal e da Pascom Brasil.

A primeira secretária executiva da Pascom Brasil, eleita em julho de 2018, na reunião anual da Comissão Nacional, em Aparecida (SP), Patrícia Luz concedeu uma entrevista na qual recupera os marcos da caminhada, fala dos projetos, desafios presentes e futuros e como está organizada a Pascom no país.

Além dela, a Coordenação Nacional da Pastoral da Comunicação conta também com um coordenador, função exercida pelo publicitário Marcus Tullius. À esta coordenação cabe a articulação da Pascom no nível nacional, acompanhamento das atividades nos regionais e dioceses e suporte às equipes de trabalho. Um cadastro feito pela pastoral contabilizou a atuação de 8 mil agentes em todo Brasil. “A gente imagina que seja muito mais do que esse número, uma vez que nem todos se cadastraram e na pandemia muitos novos agentes se aproximaram do trabalho”, disse.

A Pascom, de acordo com sua secretária executiva, busca ser uma pastoral criativa e ponte com a sociedade, na perspectiva da Igreja em Saída, apontada pelo Papa Francisco, que leva a mensagem do Evangelho para os que estão fora e também busca fazer o movimento contrário, interpretando e traduzindo para dentro da Igreja os anseios das pessoas.

Desafios presentes e futuros

Atualmente, a Pascom está com um olho no presente e outro no futuro com o desejo de entender o que vem e como enfrentar os desafios da pós-pandemia. “Ainda não temos respostas claras, mas estamos estudando desde 2020, ouvindo especialistas e nossos bispos para que a Pascom seja proativa a serviço da superação destes desafios”, aponta a jornalista e também especialista em Convergência Midiática pela Faculdade Social da Bahia.

Segundo a secretária executiva da Pascom Brasil, embora seja uma pastoral estruturada, a compreensão sobre a necessidade de sua ação ainda é um desafio. “Mesmo ao longo destes anos e, hoje, estando em evidência a necessidade que a Igreja tem de continuar a evangelização e contato com os fiéis neste tempo da pandemia”,  disse.

“Trabalhamos muito para que as pessoas compreendam a comunicação como um processo e como relação, o que faz toda diferença numa comunidade. A gente entende que a comunicação humana é importante e que é por meio dela que se chega a quem mais precisa com a mensagem do Evangelho. Os meios de comunicação e as ferramentas são extensões desta comunicação que ocorre dentro da comunidade, entre as pessoas. Este desafio exige uma mudança de mentalidade”, aponta.

Outro desafio apontado pela Pascom diz respeito ao baixo investimento em recursos para que o trabalho da Pastoral da Comunicação aconteça. “Aproveito para agradecer os agentes da Pastoral da Comunicação que seguem firmes em sua missão, sendo operários da primeira hora. É através de seu trabalho que a Igreja tem chegado aos fiéis em isolamento. Em muitos lugares, os pasconeiros investem e utilizam seus próprios equipamentos e internet. Sabemos de tantas realidades em que o agente da Pascom passa a celebração inteira segurando o celular para que a transmissão da missa seja feita”, reforça.

A Pascom em Nova Cruz (RN)

Flávio Luís da Silva, natural de Nova Cruz (RN), 38 anos, graduado em Serviço Social e funcionário público municipal, é um dos 8 mil pasconeiros espalhados pelo Brasil. O seu contato com a Pastoral se deu há mais de 20 anos em uma reunião para a qual foi convidado por seu pároco. Desde então, começou a participar dos encontros de formação da comunicação na paróquia e na arquidiocese de Natal. Hoje é o atual coordenador da Pascom na paróquia Imaculada Conceição em Nova Cruz (RN).

Ele conta que a Pastoral da Comunicação da sua paróquia desenvolve uma experiência que tem dinamizado a comunicação com os fiéis. Segundo ele, na paróquia, formada por 32 comunidades rurais e urbanas, há uma dificuldade de locomoção para os agentes atuarem. Frente a este limite, desde 2019, iniciaram a formação da 1ª Turma de Correspondentes da Pascom da paróquia com 70 pessoas. Em 2020, de forma on-line, formaram mais 6 correspondentes e, este ano, outros 20. Ao todo já somam 100 correspondentes locais da Pascom.

De acordo com o pasconeiro, essas equipes que atuam nas comunidades enviam as principais informações, registros e fotos das atividades que acontecem nas comunidades e a equipe de coordenação posta nas redes sociais da paróquia. Esta iniciativa, da qual o Flávio é o coordenador, é responsável por um aumento significativo de seguidores nas redes sociais da paróquia. Só no Facebook são 42 mil seguidores e no Instagram,  13 mil.

“Ser Pascom é bom demais. Ser pasconeiro na Igreja no Brasil é uma atividade muito importante para levar a evangelização através dos meios de comunicação. Atualmente, vivemos um momento difícil no qual as redes sociais e o trabalho dos pasconeiros ganhou relevância para levar a Palavra Deus e levar a boa notícia a todos os recantos da nossa Igreja”, avalia.

Organização da Pascom Brasil

Presente em quase todos os regionais da Igreja no Brasil, a Pascom Brasil só passou a ter uma coordenação nacional a partir de 2018. Até então, sua coordenação estava aos cuidados dos assessores da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que também acumulavam as outras demandas da comunicação eclesial e institucional.

“Isso foi um ganho muito importante para o processo de fortalecimento da Pascom nos regionais, da articulação e integração com as demais instâncias de comunicação como a Assessoria de Comunicação da CNBB, a Signis Brasil e a Rede Católica de Rádios”, avalia a secretária executiva da Pascom.

O trabalho da Pascom Brasil continua vinculado ao trabalho que realiza a Comissão de Comunicação da CNBB. A presidência e assessoria da Comissão de Comunicação da CNBB também integram a coordenação nacional da Pascom.

A Coordenação Nacional da Pastoral da Comunicação é composta pelos bispos referenciais e pelos coordenadores regionais da Pascom. Reúne-se anualmente para refletir, avaliar e planejar as atividades de comunicação que podem ser implementadas pelo Brasil. A Coordenação Nacional desenvolve os seus trabalhos a partir dos quatro eixos da Pascom: formação, articulação, produção e espiritualidade, que são dimensões do projeto nacional da Pascom. Um dos projetos que está sendo gestado é a Escola de Comunicação Nacional.

“Trabalhamos com Grupos de Trabalho (GTs) a partir dos pilares dos quatro eixos da Pascom. Os projetos estão ligados aos pilares da organização. Para cada um deles, temos um Plano de Ação que foi ajustado o ano passado para atender aos desafios da pandemia. Cada grupo, do qual participam os coordenadores regionais, cuida de uma dimensão do trabalho da Pascom e a gente faz a integração em conjunto”, explica Patrícia.

Encontro da Coordenação Nacional realizado antes da chegada da pandemia.

Marcos na caminhada

A Pascom Brasil surgiu a partir das ações de muitas dioceses do Brasil, especialmente a partir da década de 1980, para o desenvolvimento de veículos de comunicação para a evangelização. Iniciativas voluntárias, de pessoas que amavam a comunicação católica e mesmo com poucos recursos apostaram nessa forma de evangelização.

Paralelo a esse movimento, a secretária executiva da Pascom aponta que também surgiu a preocupação com a formação dos leigos, do clero e dos religiosos tanto para o uso adequado dessas ferramentas quanto para uma leitura crítica dos meios de comunicação sociais.

Documentos da Igreja no Brasil, entre eles as reflexões sistematizadas na Campanha da Fraternidade de 1989, cujo tema foi “Comunicação para a verdade e a Paz”, foram importantes na trajetória da Pascom. Contudo, a compreensão da necessidade de uma Pastoral que cuidasse da comunicação e seus processos no interno das comunidades é algo mais recente.

De acordo com Patrícia Luz, o grande marco para a consolidação da Pascom foi a publicação do Diretório da Comunicação da Igreja no Brasil, publicado como Documento nº 99 da CNBB, como resultado de um grande esforço da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação para dinamizar e articular as iniciativas de comunicação na Igreja no país.

“Aos poucos fomos compreendendo a necessidade de articular uma Pastoral que fosse capaz de pensar sobre as relações numa comunidade, que estivesse atenta às diversas realidades e que fosse capaz de traduzir para a sociedade o que há de bom e verdadeiro na Igreja. Em 2008, a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação realizou o 1º Encontro Nacional da Pascom, um importante passo em nossa caminhada”, relembra.

Segundo Patrícia, foi neste encontro que realmente as discussões sobre o que é a Pascom ganharam força e as lideranças que já atuavam nas dioceses e regionais passaram a desenvolver um trabalho conjunto. A secretária executiva da Pascom destacou especialmente o trabalho da irmã Élide Fogolari, uma das assessoras da Comissão de Comunicação da CNBB, que desenvolveu um incansável trabalho para a implantação da Pascom pelo Brasil a fora. Acompanhe o trabalho da Pascom pelo site: www.pascombrasil.org.br

Rumo ao Mutirão de Comunicação 2021

Tratando ainda de Comunicação, em julho haverá o Mutirão de Comunicação 2021, o maior encontro de comunicação eclesial do país. Devido às restrições impostas pela pandemia e as orientações das autoridades sanitárias, visando a segurança dos comunicadores, ele será 100% on-line e gratuito. As inscrições para o novo formato estão abertas.

Comunicadores das mais diversas esferas – jornalistas, publicitários, relações públicas, agentes de pastoral, professores e estudantes, pesquisadores, profissionais de comunicação – poderão participar gratuitamente de grandes conferências e aprofundamentos do tema central.

A programação terá início na sexta-feira, dia 23 de julho, às 16h45, com previsão de encerramento às 21h. No sábado, dia 24, o Mutirão se estende de 8h30 às 18h. Além das palestras, estão previstos momentos de espiritualidade, lançamentos de livros, tecnologias de comunicação e apresentações culturais. Durante todo o evento haverá interação com os participantes.

Fonte: CNBB

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