PE: arquidiocese pede que poderes públicos se concentrem em salvar vidas

A Arquidiocese de Olinda e Recife divulgou nota, neste domingo (7), afirmando que é contra a inclusão das atividades religiosas como serviços essenciais durante a pandemia do novo coronavírus.

O documento assinado pelo arcebispo, dom Fernando Saburido, e pelo bispo, auxiliar dom Limacêdo Antonio da Silva, cobra dos governantes e legisladores que se dediquem a acabar com o escândalo das aglomerações nos transportes públicos e aprovem leis que visem dignidade aos desempregados e melhorias na assistência aos enfermos.

“Entendemos que em momento tão grave como estamos passando, quando cresce assustadoramente no Brasil o número de infectados e falecidos por conta da Covid-19, a preocupação com as celebrações nas igrejas não pode ser a principal. A prioridade deve ser salvar vidas”, afirma a nota.

Até sábado (6), Pernambuco tinha registrado 307.984 casos de Covid-19, sendo 11.153 mortes causadas pela doença. Com o aumento sustentado do número de novos infectados, o governo estadual restringiu o funcionamento de serviços não essenciais do dia 3 a 17 de março. No caso das igrejas, as atividades podem ocorrer, seguindo os protocolos de segurança, nos dias úteis até as 20h. Nos fins de semana, as celebrações devem ser virtuais.

No texto da arquidiocese, os pastores dizem que foram informados que a Assembleia Legislativa de Pernambuco deve discutir a inclusão das atividades religiosas como essenciais durante a pandemia, nesta segunda-feira (8). Aos deputados e à sociedade em geral, dom Saburido e dom Limacêdo explicam que reconhecem “a religião como grande conforto espiritual para a nossa vida, sobretudo nas ocasiões mais desafiadoras”.

“A prática religiosa independe do templo, conforme Mt 18,20: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles’. As pessoas podem fazer uso dos recursos da tecnologia para participar das celebrações, à distância, e realizar suas devoções em suas casas, em conjunto com sua família, como ‘Igreja Doméstica’, tão preconizada no Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica (cf. LG, 11; CIC 1655 – 1658)”, ponderam os bispos.

Por fim, a arquidiocese pede que todos concentrem energia no combate à pandemia ficando sempre que possível em casa, mantendo o distanciamento social, a higienização sobretudo das mãos, usando máscaras e não deixando de tomar a vacina quando chegar a vez. Os bispos também cobram dos gestores e parlamentares decisões que garantam condição de vida digna aos cidadãos.

Confira a nota na íntegra:

Queridos irmãos e irmãs,

Fomos informados que, nesta segunda feira, terão início na Assembleia Legislativa as negociações para aprovação do projeto que inclui as atividades religiosas, nos templos, como essenciais. Reconhecemos a religião como grande conforto espiritual para a nossa vida, sobretudo nas ocasiões mais desafiadoras. 

Por outro lado, entendemos que em momento tão grave como estamos passando, quando cresce assustadoramente no Brasil o número de infectados e falecidos por conta da Covid-19, a preocupação com as celebrações nas igrejas não pode ser a principal.

A prioridade deve ser salvar vidas. A prática religiosa independe do templo, conforme Mt 18,20: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”. As pessoas podem fazer uso dos recursos da tecnologia para participar das celebrações, à distância, e realizar suas devoções em suas casas, em conjunto com sua família, como “Igreja Doméstica”, tão preconizada no Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica (cf. LG, 11; CIC 1655 – 1658).

Neste momento devemos concentrar nossas energias no combate à pandemia, procurando fazer a nossa parte, ou seja: ficando o quanto possível em casa, mantendo o distanciamento social, a higienização, fazendo uso permanente da máscara e não deixando de tomar a vacina. Cuidemos uns dos outros, sobretudo dos idosos, dos pobres, daqueles que não têm onde morar.

Achamos importante reconhecer a religião como essencial e agradecemos o empenho do legislativo estadual. Ao mesmo tempo, esperamos dos governantes e legisladores medidas mais eficazes para evitar, ou pelo menos diminuir, o escândalo das aglomerações nos transportes públicos, a aprovação de leis que visem digna condição de vida para os desempregados e melhorias na assistência aos enfermos.
Que Deus tenha misericórdia do nosso povo.

Recife, 07 de março de 2019.

Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo Metropolitano

Dom Limacêdo Antonio da Silva
Bispo Auxiliar

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