A Arquidiocese de Olinda e Recife voltou a reafirmar a posição contrária da Igreja em relação ao aborto de um bebê de 22 semanas em uma menina de 10 anos, vítima de estupro. A garota natural de São Mateus (ES) foi submetida ao procedimento neste domingo (17), em um hospital público, na capital perambucana.
Em nota, o arcebispo, dom Fernando Saburido, condena “a violência do tio que vinha abusando de uma criança indefesa, culminando com violento estupro” e o gravíssimo crime do aborto. O prelado enfatiza que “todo o esforço deveria ser voltado para a defesa das duas crianças, mãe e filha”.
“Infelizmente, Recife está criando fama de ‘capital do aborto’ e precisamos ‘combater o bom combate’ para mudar essa triste fama. Solidarizo-me com as tantas vozes que se levantaram contra esse vergonhoso e lamentável acontecimento”, escreve o religioso.
Na noite do domingo, dom Saburido já havia divulgado um vídeo repudiando as violências praticadas contra as crianças, destacando que “a Igreja defende a vida em qualquer circunstância” e intercedendo para que os profissionais de saúde envolvidos no caso se sensibilizassem e não realizassem o aborto.
https://www.facebook.com/ArquidioceseDeOlindaERecife/posts/3506731289390222
Confira a nota na íntegra:
NOTA DO ARCEBISPO DOM FERNANDO SABURIDO A RESPEITO DO ABORTO
PRATICADO NO RECIFE“…Apresentei diante de vós a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida… ( Dt 30, 19)
Nesta segunda-feira, 17 de agosto, o evangelho de Mateus, capítulo 19, nos apresenta Jesus sendo questionado sobre o que se deve fazer de bom para possuir a vida eterna. Sua resposta é clara: “Observa os mandamentos”, e destaca entre eles: “Não matarás”.
O lamentável caso da criança de São Mateus, município situado a 215 km de Vitória do Espírito Santo, encaminhada pela justiça capixaba para o Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros – CISAM, no Recife, terminou com a morte da menina de 5 meses. Tudo realizado às pressas, em dia de domingo com dificuldade de articulação, além das informações desencontradas. Conclusão: o mandamento destacado por Jesus, no texto acima, foi mais uma vez desrespeitado.
Como Arcebispo de Olinda e Recife, não posso calar diante desse fato. Se grave foi a violência do tio que vinha abusando de uma criança indefesa, culminando com violento estupro, gravíssimo foi o aborto realizado em Recife, quando todo o esforço deveria ser voltado para a defesa das duas crianças, mãe e filha. Infelizmente, Recife está criando fama de “capital do aborto” e precisamos “combater o bom combate” para mudar essa triste fama.
Solidarizo-me com as tantas vozes que se levantaram contra esse vergonhoso e lamentável acontecimento. Neste tempo de pandemia, tantos profissionais da saúde têm encantado o mundo e recebido homenagens, por conta de sua luta na defesa da vida das vítimas da Covid-19, chegando alguns deles a falecerem. Por outro lado, decepciona-nos perceber que ainda existam profissionais da saúde que se prestam à prática do aborto. Este ato, mesmo com autorização judicial, não deve ser feito por uma pessoa de fé ou até incrédula consciente, por uma questão de respeito à Lei de Deus ou simplesmente por princípio ético, baseado no valor inviolável da vida.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos dê força para defender a vida, dom de Deus que somente Ele
poderá tirar.Recife, 17 de agosto de 2020.
Dom Antônio Fernando Saburido
Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife