O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (16), Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, no Brasil, com os fiéis e peregrinos na Praça São Pedro.
“O Evangelho deste domingo descreve o encontro entre Jesus e uma mulher cananeia”, disse o Pontífice em sua alocução. “Jesus se encontra no norte da Galileia, num território estrangeiro, a mulher não era judia, era cananeia. Jesus se encontra ali para estar com seus discípulos um pouco longe das multidões, das multidões que o procuram em número cada vez maior. E uma mulher se aproxima dele implorando por ajuda para sua filha doente: ‘Senhor, tem piedade de mim’.”
É o grito que nasce de uma vida marcada pelo sofrimento, pelo sentimento de impotência de uma mãe que vê a filha atormentada pelo mal e não se cura, mão pode a curar. Jesus inicialmente a ignora, mas esta mãe insiste, insiste, até mesmo quando o Mestre diz aos discípulos que Sua missão é dirigida apenas às “ovelhas perdidas da casa de Israel” e não aos pagãos. Ela continua a implorá-Lo, e Ele, naquele momento, a coloca à prova citando um provérbio: «Não está certo tirar o pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos.» E a mulher imediatamente responde angustiada: «Sim, Senhor, é verdade, mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos.»
Segundo o Papa, “com essas palavras, aquela mãe mostra que intuiu que a bondade do Deus Altíssimo, presente em Jesus, está aberta a todas as necessidades de suas criaturas”. Esta sabedoria cheia de confiança atinge o coração de Jesus, tira dele palavras de admiração: “Mulher, é grande a sua fé! Seja feito como você quer”.
“O que é a grande fé?”, perguntou Francisco. “A grande fé é aquela que leva sua própria história, marcada também por feridas, aos pés do Senhor, pedindo-Lhe que a cure, que lhe dê sentido”.
Cada um de nós tem a sua própria história, e nem sempre é uma história “para exportação”, nem sempre é uma história limpa. Muitas vezes, é uma história difícil, com muitas dores, muitos problemas e muitos pecados. O que eu faço com a minha história? Escondo-a? Não! Devemos levá-la diante do Senhor. “Senhor, se quiser, você pode me curar”. Isso é o que esta mulher nos ensina, esta boa mãe: a coragem de levar a sua história de dor perante Deus, perante Jesus; tocar a ternura de Deus, a ternura de Jesus. Façamos a prova dessa história, dessa oração. Pensemos cada um na própria história. Há sempre coisas ruins numa história, sempre.
O Papa disse que devemos ir a Jesus, bater no coração de Jesus e dizer-lhe: “Senhor, se quiser, você pode me curar!” “Conseguiremos fazer isso se tivermos sempre conosco o rosto de Jesus, se entendermos como é o coração de Cristo, como é o coração de Jesus: um coração que tem compaixão, que carrega sobre si as nossas dores, que carrega sobre si os nossos pecados, os nossos erros, os nossos fracassos, mas é um coração que nos ama assim como somos, sem maquiagem: ama-nos assim”, sublinhou Francisco.
“Senhor, se quiser, você pode me curar”, repetiu o Pontífice. “Para isso é necessário compreender Jesus, ter familiaridade com Jesus”, disse o Papa, acrescentando:
E volto sempre ao conselho que lhes dou: carregar sempre um pequeno Evangelho de bolso e ler uma passagem todos os dias. E ali vocês encontrarão Jesus como Ele é, como Ele se apresenta; encontrarão Jesus que nos ama, que nos ama muito, que nos quer tanto bem. Lembremo-nos da oração: “Senhor, se quiser, você pode me curar”. Bonita oração! Carreguem o Evangelho na sua bolsa, no seu bolso e também no seu celular para ver. Que o Senhor nos ajude, a todos nós, a rezar essa bonita oração que uma mulher pagã nos ensina, não cristã, não judia, mas pagã.
Francisco concluiu pedindo a Virgem Maria para que “interceda com a sua oração, para que em cada batizado cresça a alegria da fé e o desejo de comunicá-la com o testemunho de uma vida coerente, que nos dê a coragem de nos aproximarmos de Jesus e lhe dizer: Senhor, se quiser, você pode me curar”.