Dom Mariano Manzana
Bispo de Mossoró (RN)
Nos últimos meses, todos fomos desafiados pela pandemia do novo coronavírus que ameaçava não apenas a nossa saúde física, mas a fé e a esperança. Nos grandes desafios, Deus sempre fiel e providente nos concede a sua Graça para superarmos as tormentas durante a travessia da vida. Deus é fiel e sua fidelidade nos chama a guardar firmes a esperança que brota em nós, fruto do seu amor misericordioso.
Se por um lado experimentamos o medo e tantos outros sentimentos desconcertantes, por outro vivemos momentos de muita Graça, renovação espiritual, descobertas na vida religiosa e dinâmica pastoral. Tivemos a oportunidade de redescobrir a “igreja doméstica” como lugar próprio e oportuno da vivência da fé cristã. Desde o início, como vemos na ordem da criação revelada no livro de Gênesis, Deus manifesta a sua vontade salvífica e projeto para a família humana que, se configurando como igreja doméstica, se torna a base da família cristã que é a comunidade paroquial. É na família doméstica que recebemos os primeiros ensinamentos para a vida e somos chamados a conhecer a fé, o mistério de Cristo para sermos iniciados e introduzidos na Igreja enquanto grande família de Deus.
Os testemunhos que recebemos ao longo desse tempo nos mostram a importância de guardarmos firmes a confissão da nossa esperança a partir da nossa família humana. A Igreja é edificada pelo testemunho da família, que, por sua vez, é alimentada e fortalecida na comunidade paroquial. A falta de vivência da fé na família enfraquece a oração comunitária, empobrece a evangelização e fragiliza a missão que o Senhor nos confiou.
Que a redescoberta da importância da igreja doméstica nos torne mais comprometidos em sua valorização e fortalecimento para que a Igreja, sempre e cada vez mais edificada também pelo seu testemunho, possa comunicar a Boa Nova do Reino, ofertando à sociedade a família cristã como sinal de esperança para o estabelecimento de um mundo novo.