As primeiras palavras do Papa Francisco na Missa realizada na Capela da Casa Santa Marta nesta segunda-feira (23) foram palavras de confiança: “Confio em vós, ó Deus! Alegro-me e exulto em vosso amor, pois olhastes, Senhor, minha miséria” (Sl 30,7-8)”. Em seguida, o Santo Padre pediu por aqueles que estão sofrendo com a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus que paralisou muitas atividades de trabalho:
“Rezemos hoje pelas pessoas que por causa da pandemia estão começando a ter problemas econômicos, porque não podem trabalhar e tudo isso recai sobre a família. Rezemos pelas pessoas que têm esse problema.”
Na homilia, comentando o Evangelho de João (Jo 4,43-54) sobre a cura do filho do funcionário do rei, Francisco convidou os fiéis a rezarem com fé, perseverança e coragem, sobretudo neste período.
Íntegra da homilia
“Este pai pede a saúde para o filho. O Senhor repreende todos um pouco, também ele: ‘Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais’. O funcionário, ao invés de se calar e ficar quieto, insiste e lhe diz: ‘Senhor, desce, antes que meu filho morra!’ E Jesus lhe responde: ‘Podes ir, teu filho está vivo’.
Três coisas são necessárias para se fazer uma verdadeira oração. A primeira é a fé: se não tiverdes fé… E muitas vezes, a oração é somente oral, da boca… mas não vem da fé do coração, ou uma fé fraca… Pensemos em outro pai, o do filho endemoninhado, quando Jesus responde: ‘Tudo é possível àquele que crê’; o pai como disse claramente ‘creio, mas aumenta a minha fé’. A fé na oração. Rezar com fé, quer quando rezamos fora, quer quando vimos aqui e o Senhor está ali: mas tenho fé ou é um costume? Estejamos atentos na oração: não cair no costume sem a consciência de que o Senhor está presente, que estou falando com o Senhor e que Ele é capaz de resolver o problema. A primeira condição para uma verdadeira oração é a fé.
A segunda condição que o próprio Jesus nos ensina é a perseverança. Alguns pedem mas a graça não vem: não têm essa perseverança, porque no fundo não precisam dela, ou não têm fé. E Jesus mesmo nos ensina a parábola daquele senhor que vai até o vizinho pedir pão à meia-noite: a perseverança de bater à porta… Ou a viúva, com o juiz iníquo: e insiste e insiste e insiste: é a perseverança. Fé e perseverança caminham juntas, porque se você tem fé você tem certeza de que o Senhor lhe dará aquilo que pede. E se o Senhor faz você esperar, bater, bater, no final o Senhor concede a graça.
Mas o Senhor não faz isso para tornar-se interessante ou porque diga ‘melhor que espere’: não. Ele o faz para o nosso bem, para que levemos a coisa a sério. Levar a oração a sério, não como os papagaios: blá blá blá e nada mais… O próprio Jesus nos repreende: ‘Não sede como pagãos que creem na eficácia da oração e nas palavras, muitas palavras’. Não. É a perseverança, ali. É a fé.
E a terceira coisa que Deus quer na oração é a coragem. Alguém pode pensar: é preciso coragem para rezar e para se colocar diante do Senhor? É preciso. A coragem de ficar ali pedindo e seguindo adiante, aliás, quase – quase, não quero dizer uma heresia –, mas quase como ameaçando o Senhor. A coragem de Moisés diante de Deus quando queria destruir o povo e fazê-lo líder de outro povo. Diz: ‘Não. Eu com o povo’. Coragem. A coragem de Abraão, quando negocia salvação de Sodoma: ‘E se fossem 30, e se fossem 25, e se fossem 20…’: ali, a coragem. Essa virtude da coragem, é muito necessária. Não somente para as ações apostólicas, mas também para a oração.
Fé, perseverança e coragem. Nestes dias em que é necessário rezar, rezar mais, pensemos se nós rezamos assim: com fé que o Senhor pode intervir, com perseverança e com coragem. O Senhor não decepciona: não decepciona. Faz-nos esperar, toma o seu tempo, mas não decepciona. Fé, perseverança e coragem”.
Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa: “Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja”.