O último compromisso oficial na manhã de segunda-feira (20) do Papa Francisco foi a audiência aos membros da delegação do Centro “Simon Wiesenthal”. A entidade trabalha no combate em todo o mundo todas as formas de antissemitismo, racismo e ódio contra as minorias.
Essa instituição, há anos, mantém contatos com a Santa Sé, com o desejo comum, reforçou o Pontífice, de “tornar o mundo um lugar melhor no respeito da dignidade humana, uma dignidade que cabe a cada um em igual medida independentemente da origem, da religião e do status social”.
Fazer silêncio para fazer memória
De modo especial, o Centro contribui para manter viva a memória do Holocausto. Daqui uma semana, no dia 27, recordam-se os 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau – campo que o Pontífice visitou em 2016.
Ali, Francisco fez uma oração silenciosa e em seu discurso falou da dificuldade que sentimos hoje em parar e fazer silêncio para ouvir o grito da humanidade sofredora.
“O consumismo hodierno é também verbal: quantas palavras inúteis, quanto tempo perdido em contestar e acusar, quantas ofensas gritadas, sem cuidar daquilo que se diz. O silêncio, ao invés, ajudar a preservar a memória. Se perdemos a memória, anulamos o futuro.”
Para Francisco, o aniversário da indizível crueldade que a humanidade descobriu 75 anos deve ser um chamado a fazer silêncio e fazer memória. “É necessário para não nos tornar indiferentes.”
Aumento do antissemitismo
O Papa declarou-se preocupado com o aumento, em várias partes do mundo, de uma “indiferença egoísta”, que preparam terrenos férteis a “particularismos e populismos”. “Sobre estes terrenos, o ódio cresce rápido”, afirmou o Pontífice, definido como “recrudescências bárbaras” recentes episódios de antissemitismo.
“Não me canso de condenar firmemente toda forma de antissemitismo”, disse Francisco, reiterando que para combater estes sentimentos é necessário um esforço de integração, pesquisa e compreensão do outro.
O Santo Padre citou ainda a Declaração Nostra aetate, sobre o patrimônio espiritual comum de judeus e cristãos, que deve ser sempre mais colocado a serviço de todos.
“Sinto que, hoje em especial, somos chamados justamente nós, por primeiros, a este serviço: não a tomar as distâncias e excluir, mas a fazermo-nos próximos e incluir. Se não o fizermos nós, quem o fará? Também nós devemos nos recordar do passado e tomar a peito as condições de quem sofre: somente assim cultivaremos o terreno da fraternidade.”
O Pontífice concluiu seu discurso agradecendo e encorajando o trabalho do Centro em defesa dos mais fracos. “Que o Altíssimo nos ajude a nos respeitar e a tornar a terra um lugar melhor, semeando paz. Shalom!”.