Mensagem de Páscoa
“Bem cedo, no primeiro dia da semana, ao raiar do sol
(as mulheres) foram ao túmulo…” (Mc 16, 2).
Queridos irmãos e irmãs,
Essas são as palavras do evangelho de Marcos que, nesse ano dedicado aos leigos/as, nos conduzem da vigília da espera para a proclamação de que Jesus ressuscitou e, no mundo, raia a luz do novo dia da ressurreição.
Esse mistério nos ultrapassa, mas é importante que mergulhemos nele com todo o amor do coração e com a disposição interior de nos abrir a esse anúncio pascal. Assim como as santas mulheres no caminho do sepulcro, nós também caminhamos no escuro dessa vida e nos angustiamos com as pedras que encontramos no caminho. Assim como elas, nos perguntamos: “Quem pode, para nós, retirar a pedra do sepulcro que é muito pesada?”
Nessa celebração pascal, quero confirmar a todos vocês: padres, diáconos, religiosos/as, agentes de pastoral e irmãos e irmãs das nossas comunidades: Jesus ressuscitado está conosco nesse caminho que trilhamos. Ele transforma o jardim do sepulcro em jardim de amor e de reencontro no qual se refaz, como no primeiro dia da criação, a harmonia do ser humano consigo mesmo, com Deus e com a criação.
Quero convidar cada um de vocês a entrar no jardim do seu coração, no mais profundo do seu ser interior, para escutar ali a palavra de amor que chama a cada um de nós, como na madrugada da Páscoa, chamou Maria e ela pôde responder: Raboni, Meu Mestre. É essa palavra do Ressuscitado que nos enviará de novo aos irmãos e irmãs para sermos testemunhas de que o amor venceu a morte e nos ressuscita com Jesus.
No momento social e político que vivemos no Brasil, a boa notícia da ressurreição deve fazer de nós testemunhas da esperança. Por nenhuma hipótese, podemos ceder ao desânimo, ao descrédito generalizado, que hoje se vê em muitos ambientes. Cuidemos de nunca concordar com um clima de intolerância que nos fecha ao diálogo e só aumenta a corrente de ódio e violência social. Nesse sentido, a CF 2018 com o tema “Fraternidade e Superação da Violência” que, normalmente, vivenciamos mais intensamente no período quaresmal, nos motiva a prolongar o debate, ao longo do ano, e provoca mudanças reais em nossa vida e na vida de nossas comunidades, fazendo-nos crescer na necessária consciência de uma cultura de paz.
Que a palavra do Ressuscitado nos faça retomar à missão que une fé e vida, celebração do mistério e a solidariedade concreta se realizando na vida das pessoas crentes ou não crentes. Em nossas relações, possamos retomar a experiência dos discípulos voltados de Emaús para a comunidade: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”. Realmente, o Senhor ressuscitou e, hoje, se manifesta a nós e quer, através de nós, se mostrar presente ao mundo. Essa é a nossa alegria e a nossa missão principal.
Desejo a cada um/uma de vocês uma celebração renovadora e fecunda da santa Páscoa. Deus os/as abençoe e os guarde!
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife