O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor é o portal de entrada para a celebração da grande Semana, a Semana Santa. “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mc 11, 10) é a acalorada aclamação da multidão de Jerusalém, que gritava ao receber Jesus. Homens, mulheres e crianças exprimiam seu louvor, entusiasmaram-se por receber o Messias em seu meio. O que significa Jesus entrando em Jerusalém e qual a relação disso conosco? Para uma resposta mais contextual, trago à tona as palavras sábias do Papa Francisco: “Na realidade, como entrou em Jerusalém, assim deseja entrar nas nossas cidades e nas nossas vidas. Como fez no Evangelho, montando um jumentinho, Ele vem a nós humildemente, mas vem ‘em nome do Senhor’: com a força do seu amor divino, perdoa os nossos pecados e nos reconcilia com o Pai e com nós mesmos”.
O sentido principal da entrada de Jesus em Jerusalém está orientado para o cumprimento da Vontade de Deus. Jesus, mesmo sendo aclamado como Rei, caminha para o trono da Cruz. O caminho dramático do Senhor traz para a consciência dos homens o quanto Deus nos ama. A Cruz conta-nos a “trama” misericordiosa de Deus, “trama” que desconcertou os passos errantes dos homens, fazendo-os herdeiros do Caminho da Vida, o caminho do céu!
O reinado de Jesus opõe-se aos reinados do mundo, pois “é um rei que quebra os arcos de guerra, um rei da paz, um rei da simplicidade e um rei dos pobres” (Bento XVI). Celebrar Domingo de Ramos não é celebrar algo do passado, mas é assumir o lugar da multidão que aclamava o Senhor com o Hosana, e podemos fazer isso em cada Eucaristia celebrada com os irmãos de fé. “Como então o Senhor entrara na Cidade Santa, cavalgando o jumentinho, assim, agora, sem cessar, a Igreja O via chegar sob as humildes aparências do pão e do vinho. A Igreja saúda o Senhor na Sagrada Eucaristia como Aquele que vem agora mesmo, que entrou no meio dela. E ao mesmo tempo saúda-O como Aquele que permanece, sempre O que vem e nos encaminha para a sua vinda” (Bento XVI).
A Semana Santa é uma estrada que devemos peregrinar e, como peregrinos, caminhamos para o Senhor. Ele, que se entrega por todos, faz-Se Peregrino, vem ao nosso encontro e nos aponta à sua subida para o trono da Cruz e para a alegria de Sua Ressurreição. Levantar os ramos só tem sentido mediante o esforço interior e missionário de estar com o Senhor, aonde quer que Ele nos leve. Vida ou Morte, pertencemos ao Senhor da Vida!
Dom Manoel Delson
Arcebispo Metropolitano da Paraíba