Vida renovada em Cristo deste Natal

 

Dom Antônio Fernando Saburido, OSB, arcebispo de Olinda e Recife e referencial para a Comissão Regional Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso

 

Queridos irmãos e irmãs,

No início deste tempo do Advento, o Papa Francisco quis ir à localidade de Greccio, em meio aos bosques do Lácio, na Itália, onde, segundo a tradição, em 1223, São Francisco de Assis construiu o primeiro presépio de Natal. A partir daquele ano, a confecção do presépio tornou-se um costume em todo o Ocidente. Neste ano, o papa Francisco quis valorizar essa tradição e, em Greccio, assinou a carta apostólica Admirabile Signum sobre o significado e o valor do presépio.

Nessa carta, que vale a pena ser lida e meditada integralmente, o papa destaca que armar o presépio pode ser um modo pedagógico e feliz da gente se sentir armando na própria vida e no mundo de hoje o cenário necessário para a realização de um novo Natal, no qual celebramos a salvação que nos é oferecida a todos. Ele afirma: “A Deus, que vem ao nosso encontro no Menino Jesus, os pastores respondem, pondo-se a caminho rumo a Ele, para um encontro de amor e de grata admiração. É precisamente este encontro entre Deus e os seus filhos, graças a Jesus, que dá vida à nossa religião e constitui a sua beleza singular, que transparece de modo particular no Presépio” (…) “Os pobres são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes, aqueles que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio de nós” (…).

A nossa Igreja particular de Olinda e Recife tem sido muito agraciada por Deus. Nesse ano, junto com todas as Igrejas do Brasil e da América Latina recebemos como palavra de Deus o acontecimento do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia e o apelo do seu documento final para uma conversão pastoral e integral que deve envolver a todos os irmãos e irmãs na fé, mas começar por nós, bispos, padres, diáconos e religiosos/as.

Em sua carta, o papa conclui afirmando: “Nascendo no Presépio, o próprio Deus dá início à única verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Do Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado”.

Neste ano de 2020, a nossa arquidiocese sediará o XVIII Congresso Eucarístico Nacional. É importante que esse congresso seja sinal e instrumento dessa partilha da qual devemos cuidar para que, de fato, haja “pão em todas as mesas”.

Do Sínodo da Amazônia, em seu documento final, nos veio um forte apelo para que retomemos o esforço de diálogo com as tradições culturais e religiosas dos grupos originários de nosso povo e também para que nos sensibilizemos para que as nossas celebrações litúrgicas sejam mais inculturadas e se tornem mais capazes de envolver as comunidades e pessoas que se sentem distantes de nossa sensibilidade e cultura.

Por trás disso, está esse cuidado de amor pastoral e de diálogo do qual não podemos descuidar. Na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, o papa Francisco afirma: “A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (n. 88).

Desejando a todos e todas vocês, vida renovada em Cristo deste Natal e motivadoras celebrações em todo o tempo natalino, peço que rezem por mim e contem com minha oração.

Deus os/as abençoe e feliz Natal.

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