A casa de João Paulo I aberta ao público pela primeira vez

Por Vatican News

Em Canale D’Agordo, cidade natal do Papa João Paulo I será realizado um dia de homenagens ao querido “Papa Sorriso”. Na ocasião, os participantes poderão visitar pela primeira vez a casa onde morou.

A visita será apenas um dos momentos que caracterizam a jornada dedicada a João Paulo I. Às 16 horas o cardeal Beniamino Stella, postulador da Causa de Canonização, apresentará um livro com trechos das atas do processo canônico. O texto representa a primeira biografia completa realizada com método histórico e crítico baseado em investigações a partir de fontes de arquivos, uma pesquisa bibliográfica e do testemunho de 188 pessoas, entre as quais o Papa emérito Bento XVI, o médico Renato Buzzonetti que constatou a morte do Papa Luciani e irmã Margherita Marin, religiosa presente no apartamento papal na época.

Às 17 horas será realizada a visita à casa onde nasceu e viveu o Papa João Paulo I. Às 18 horas, na igreja de Canale d’Agordo, terá uma palestra moderada por Loris Serafini, diretor da Fundação Papa Luciani, por ocasião da publicação do livro de Antonio Preziosi “João Paulo I. Inesquecível”.

Na casa de família do Papa Luciani, que faleceu 33 dias depois de ter sido eleito Papa em 1978, “há o quarto no qual ele nasceu e foi batizado – explica ao Vatican News, Loris Serafini, diretor do museu Albino Luciani – a cozinha, o porão, onde seu pai trabalhava no inverno com carpintaria e o antigo curral. Portanto uma família de agricultores, que viveram na simplicidade e na pobreza. A cozinha – prossegue Serafini – recorda o lugar onde ele cresceu e viveu com sua mãe, mas principalmente onde se encontrava com o irmão quando voltava para visitar a família. Veio aqui pouco antes de partir para Roma. Teve sempre uma forte ligação com sua família. Renunciou a parte de sua herança em favor do irmão, para ajudá-lo. Tinha um quartinho todo seu onde podia descansar sempre que quisesse”.

Casa do papa João Paulo I (Foto: Divulgação)

O irmão Eduardo – explica Serafini – morou na casa até o Natal de 2008, ano da sua morte. Mantendo o tipo de vida da família, viveu sempre com simplicidade. Portanto, a casa não era visitável. Depois disso, os nove sobrinhos decidiram esperar o momento oportuno e mantiveram a casa disponível para que fosse adquirida por uma entidade eclesiástica. A diocese de Vittorio Veneto, graças à ajuda de um benfeitor, comprou a casa. Este fato – continua – bloqueou abertura por alguns anos. Hoje tudo mudou e esperamos a sua beatificação, rezando para que seja em breve tempo. Portanto era importante que esta recordação da vida de João Paulo I se tornasse acessível a todos”.

O breve pontificado de João Paulo I foi caracterizado pela misericórdia. “Por misericórdia – conta Loris Serafini – não se deve entender um falso sentimento de piedade para com os outros, mas algo vivido pessoalmente, com uma vida de oração e de compromisso. A misericórdia de João Paulo I era acolher todos que batessem à sua porta, entender o problema das pessoas e transmitir o amor de Deus. Muitas vezes ele dizia: o pecado deve ser combatido, mas o pecador deve ser acolhido. Esta colocação é a base da nova Igreja que hoje está sendo construída, e que o Papa Francisco convida a seguir”.

“Quando Papa Francisco foi à sacada da basílica de São Pedro – explica Serafini – senti um calafrio de emoção. Parecia-me que tivesse se reapresentado, de algum modo, Papa Luciani. O jeito simples, a vontade de entrar em empatia com o povo de Deus e a renúncia aos sinais do poder, a vontade de exercer a autoridade como um serviço. A autoridade é necessária, mas a autoridade é um importante serviço. Mais se sobe, maiores são as responsabilidades para com os que estão abaixo. Esse – continua Serafini – era o modo como João Paulo I concebia a autoridade, e creio que seja o mesmo do Papa Francisco. Outro ponto é o diálogo com o mundo de hoje, que era característica comum com João Paulo I, que queria ser jornalista, e escreveu o belo livro “Illustrissimi”, publicado em janeiro de 1976, com quarenta cartas dedicadas aos grandes personagens da história, para falar-lhes sobre temas de atualidade e entrar em contato com a sociedade”.

As pessoas mais idosas, que viram o Papa Luciani crescer, tinham uma grande estima por ele e um grande respeito. Hoje, depois de muitos anos, a maioria dos devotos que visitam sua cidade são provenientes de vários países e são, principalmente jovens: provêm da América do Sul e da África. Poucos do Norte da Europa. Muitos, ao contrario, dos países mais próximos aos ensinamentos do Papa Luciani”.

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